Um dos presos na Operação Spoofing afirmou em depoimento ter clonado o celular do coordenador da Operação Lava-Jato
Um dos hackers preso na Operação Spoofing, deflagrada na terça-feira (23), pela Polícia Federal, confessou que hackeou o ministro da Justiça Sergio Moro, o procurador Deltan Dallagnol (coordenador da Lava-Jato) e outras centenas de autoridades.
Segundo a PF, Walter Delgatti Neto, chamado “Vermelho”, prestou depoimento até a noite de terça-feira e revelou ter clonado o celular de Dallagnol e invadido o celular de Moro.
Ao decretar a prisão temporária de quatro investigados, o juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10.º Vara Federal de Brasília, apontou para a incompatibilidade entre as movimentações financeiras e a renda mensal do casal em dois períodos de dois meses – abril a junho de 2018 e março a maio de 2019 – movimentou R$ 627 mil com renda mensal de R$ 5.058.
Além de ‘Vermelho’, a PF prendeu o casal Gustavo Henrique Elias Santos e Suellen Priscila de Oliveira e também Danilo Cristiano Marques. A PF investiga supostos patrocinadores do grupo. Preso em Araraquara, interior de São Paulo na Operação Spoofing, deflagrada nesta terça-feira, 23, Walter Delgatti Neto, o
‘Vermelho’ acumula processos por estelionato, falsificação de documentos e furto. Em seu Twitter, Sérgio Moro postou nesta quarta, 24, que ‘pessoas com antecedentes criminais’ são a ‘fonte de confiança daqueles que divulgaram as supostas mensagens obtidas por crime’.
O ministro não citou nomes em sua mensagem. Ao apontar para ‘pessoas com antecedentes criminais’, o ministro se refere ao grupo aprisionado pela PF na Operação Spoofing.
Hacker queria vender mensagens para o PT, diz advogado de outro suspeito
O principal suspeito de comandar o esquema de invasão de celulares, Walter Delgatti Neto, queria vender as mensagens para o PT, disse em depoimento hoje seu amigo e também suspeito Gustavo Henrique Elias Santos, segundo o advogado Ariovaldo Moreira.
“O Walter disse para ele que a intenção seria, no momento em que mostrou as mensagens, que a ideia era vender para o Partido dos Trabalhadores. Meu cliente narrou que o Walter tem uma certa simpatia pelo Partido dos Trabalhadores”, afirmou o advogado após o interrogatório.
Moreira disse que Gustavo falou apenas que havia uma intenção, mas que ele não sabe se de fato o material foi vendido ou entregue para alguém. Disse acreditar que isso aconteceu há três meses.
Hacker tem problemas psiquiátricos, diz advogado
Walter Delgatti Neto, que confessou ter hackeado o celular de Sergio Moro, tem problemas psiquiátricos, disse hoje seu advogado recém-constituído, Luiz Gustavo Delgado.
Segundo o Estadão, ele levou comida, remédios de uso controlado e um cobertor para seu cliente na tarde de hoje na Polícia Federal, onde Walter está preso temporariamente.
“Conversei com ele. Ele tem problemas psiquiátricos. Está atordoado”, disse o defensor.
Em depoimento, Gustavo Henrique Elias Santos contou a policiais federais que brigou com Walter Delgatti no início do ano, disse o advogado dele, Ariovaldo Moreira.
Ambos foram presos pela PF por suspeita de invadir o Telegram de Sergio Moro e outras autoridades. Walter confirmou que cometeu o crime; Gustavo nega.
Segundo Moreira, a razão do entrevero foi o hackeamento de Walter ao Telegram e WhatsApp do amigo.
“Eles tiveram problema um tempo atrás, porque o Walter invadiu o telefone do meu cliente. Raptou tanto o Telegram quanto o WhatsApp. Em um primeiro momento negou que seria ele, mas depois confessou que ‘fui eu, fui eu quem invadiu o seu telefone’. [Isso porque] Ele para se vangloriar.”
Apartamento de suspeito registrava IP de onde partiram os ataques
Uma das técnicas utilizados pela Polícia Federal para identificar os suspeitos de hackear o celular de Sergio Moro e outras autoridades foi identificar o IP dos computadores que tiveram acesso ao Telegram das vítimas.
Isso começou a ser feito em junho. Segundo a PF, os celulares das vítimas foram recolhidos para perícia e o registro do IP foi detectado.
No pedido da PF à Justiça para realizar as buscas e apreensões, o endereço da casa de Gustavo Henrique Elias Santos estava registrado como local de “instalação de protocolo IP de onde partiram os ataques”.
No entanto, o advogado Ariovaldo Moreira nega a participação de Gustavo nos crimes, e diz que falta nova perícia da PF para se comprovar que o endereço está relacionado ao IP do computador do suspeito.
“Sobre o IP, não foi nem questionado. O próprio delegado deu conta que isso depende de pericia, e qualquer coisa que ele dissesse nesse momento seria prejudicado em razão da perícia.”
Via Estadão e O Antagonista